A Vinda do Senhor (Parusia)

18/06/2017

Tessalonicenses

Por Adilson Bonfim

A primeira revelação apocalíptica (4,13-18) diz que é fácil dividir a perícope em quatro seções, correspondendo a seus quatro períodos no grego: no anúncio do tema e da finalidade da exposição, explicação baseada em uma palavra do Senhor.

O tema, aqueles que jazem adormecidos, é introduzido formalmente ("o que se refere a"). Mortos: literalmente, aqueles que jazem adormecidos. É imagem bíblica que se referem àqueles que já morreram.

Aparentemente, alguns dos cristãos de Tessalônica tinham morrido no intervalo entre a evangelização e a visita de Timóteo. O querigma apostólico não incluía uma consideração sobre a morte, havia uma falta de esperança que incluía uma preocupação sobre o destino dos cristãos tessalonicenses. Os de fora podem não ter esperança, mas espera-se que os cristãos fossem um povo de esperança.

Paulo emprega um lema formal para introduzir uma fórmula confessional protocristã. A fórmula bipartite destaca a morte e ressurreição de Jesus e atribui implicitamente a ressurreição de Jesus à ação de Deus

A fórmula enfatiza a fé comum dos apóstolos, dos recém-convertidos em Tessalônica e das comunidades cristãs anteriores.

Como Deus ressuscitou Jesus dos mortos, assim Ele trará com Jesus as pessoas que morreram nEle.

Na explicação, Paulo cita um apalavra do senhor e emprega vários motivos apocalípticos, alguns comentaristas pensam em ditos de um Jesus histórico ou um dito semelhante a Mt 24,30 ou um agraphon, e outros sugiram uma revelação pessoal a Paulo, é preferível pensar que Paulo esteja empregando um dictum do profetismo protocristão. A afirmação profética encontra-se nos vv. 16-17, enquanto o v. 15b oferece a reflexão do próprio Paulo sobre a situação de que havia ficado ciente.

Paulo supõe que a parusia vá ocorrer logo ("expectativa eminente"). Ele reafirma que os vivos não terão vantagem sobre os mortos quando ela ocorrer. A afirmação profética repleta de motivos apocalípticos pode ser resultado de uma afirmação apocalíptica judaica anterior sobre a vinda do filho do homem, ao sinal dado, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, estes detalhes enfatizam a iniciativa divina no acontecimento.

Uma corrente da exegese a interpretação helenística cita a entrada solene dos reis numa cidade (conquistada) como modelo para o cenário.

Outra corrente da exegese sustenta que a descrição bíblica da teofania no Sinai fornece o exemplo para esta descrição da parusia, (J. Dupont, M. Sabbe). Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.

A ressurreição dos mortos é citada como o meio empregado por Deus para assegurar que as pessoas que morreram em Cristo o acompanharão em sua parusia.

Paulo se Vale da típica linguagem apocalíptica para exortar os cristãos a vigiar, quem dorme, quem se embriaga, metáforas tradicionais, couraça, capacete: a imagem da armadura do guerreiro é uma adaptação de Is59,17 (cf. Sb 5,17-23; Ef6,14). Caracterizando a existência cristã por meio da fé, amor e esperança, a imagem pode sugerir que os cristãos estão envolvidos em um confronto escatológico final. Muitos biblistas acreditam que esta exortação reflete a catequese batismal cristã.

Paulo usa uma expressão semita para indicar que os cristãos são destinados (mas não predestinados) para a salvação (em distinção à ira escatológica).

A salvação é realizada através do Senhor Jesus Cristo. O relacionamento especial entre os cristãos e o Senhor constitui o fundamento da salvação deles.

Paulo usa outra fórmula confessional fragmentária para atribuir valor salvífico à morte de Jesus. A salvação cabe a todos, quer estejam vivos, quer não.

Por Aristóteles José Farias 

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho não tem a pretensão de significar uma pesquisa exaustiva acerca do assunto em questão, posto que o autor não seja especialista no assunto, e busca aqui, apenas compreender as razões pelas quais Paulo decidiu tratar deste assunto, com a comunidade que ele fundou na cidade Grega de Tessalônica, na qual permaneceu três ou quatro meses, deixando a comunidade cristã basicamente organizada para caminhar fiel ao ensinamento recebido (1Ts 1,2-10), para defender-se do meio pagão, assim como das sucessivas pressões e ciladas oriundas da comunidade judaica (2,13-16).

Portanto, a presente pesquisa se limitará ao âmbito escatológico, concernente ao ensino do Apóstolo, com vistas à comunidade tessalonicense (1Ts 4,13-5,11 e 2Ts 2,1-12).

2 O SUBSTRATO ESCATOLÓGICO DE PAULO

2.1 O destino dos mortos (1Ts 4,13-18)

Tendo em vista o conteúdo da presente perícope, há que se imaginar que o tema da escatologia está entre aqueles temas que Paulo deixou pendentes de ensinamento, quando da sua visita a Tessalônica, aludida em 1Ts 3,10. A grande preocupação dos tessalonicenses é, justamente, ter conhecimento do que vai acontecer com os seus falecidos, no momento da vinda gloriosa do Senhor, por não entenderem como os mesmos poderão ir ao encontro do Senhor, quando do Seu retorno, posto que já estejam mortos.

Não se sabe, porém, se a dúvida dos tessalonicenses aconteceu logo após a visita de Paulo à comunidade ou, se os mesmos pensavam na possibilidade de a morte chegar antes mesmo do retorno de Cristo ao mundo, para o julgamento final. Paulo é categórico:

Se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também os que morreram em Jesus, Deus há de leva-los em sua companhia. Pois isto vos declaramos, segundo a palavra do Senhor: que os vivos, os que ainda estivermos por aqui para a Vinda do Senhor, não passaremos à frente dos que morreram.

Quando o Senhor, ao sinal dado à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, descer do céu, então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; em seguida nós, os vivos que estivermos lá seremos arrebatados com eles nas nuvens para o encontro com o Senhor (Ts 4,14-17).

Ou seja, esta é, no entendimento de Paulo, a mensagem que deve encher o cristão de esperança, para que viva, a todo o momento, alegre e corajoso. A origem desta esperança é a fé no poder de Deus que arrebatou Jesus Cristo das garras da morte, o que fará com todos aqueles que acreditam nele, estabelecendo uma misteriosa e feliz similitude de destino entre Cristo e os cristãos.

Tendo a consciência de tratar-se de um assunto por demais misterioso, Paulo expressa-se utilizando imagens do gênero literário apocalíptico, como o fez Jesus Cristo quando se referia aos mesmos acontecimentos (Mt 24,30-31.36.42-49; 25,31-32; Lc 24,34-36), nos quais alguns símbolos e imagens tem a faculdade de lembrar uma realidade desconhecida em suas particularidades.

Parece nítido o fato de que Paulo quando escreve esta carta aos tessalonicenses acredita que a passagem para uma nova existência é tão imediata que, para os que já morreram será realizada por intermédio de um processo de ressurreição, mas para os que ainda estiverem vivos, quando o Senhor retornar, haverá um encontro transformador com Jesus Cristo, encontro do qual Paulo irá retomar alguns anos depois, quando escrever aos cristãos de Corinto (1Cor 15,51-53).

2.2 O dia do Senhor virá de forma inesperada. É preciso vigiar (1Ts 5,1-11)

Numa espécie de segunda parte de sua resposta aos temores dos tessalonicenses, Paulo vai referir-se a um possível tempo efetivo, no qual se concretizará a vinda gloriosa de Cristo. Um tempo que ele presume estar próximo, embora desconhecido e que deve acontecer de forma inesperada. Esta é a razão pela qual a vida do cristão deve ser marcada pela atitude de preparação e de vigilância, alimentando a esperança de uma vida futura na presença do Senhor.

O Apóstolo mantem o seu discurso parenético, com características apocalípticas, abusando do recurso da antítese, tais como: dia-noite, paz-dor, segurança-ruína, eles-vós, luz-trevas...

Paulo demonstra ser, em tudo, fiel aos retos preceitos da Igreja primitiva, apontando o contraste entre os não crentes e os crentes. Aqueles vivem ancorados na atualidade, sem esboçar qualquer resquício de preocupação com o futuro, enquanto que estes aguardam num clima de tensão e vigilância, a salvação recebida, a título de antecipação, no sacrifício de Cristo, mas, que só será consumada no dia do Senhor, estando, deste modo, receptivos a um futuro que deve ser conquistado desde já, com uma vida de fé e amor. Este futuro, por sua vez, é descrito, em 1Ts 4,17 da seguinte forma: "[...] E assim, estaremos para sempre com o Senhor [...]".

Esta era a razão da esperança dos tessalonicenses daquela época, assim como é a razão da esperança de todos nós, cristãos de hoje.

2.3 O momento e o contexto da vinda do Senhor (2Ts 2,1-12)

O autor da carta deixa clara a intenção de restabelecer a paz na comunidade, por esta não ter compreendido as doutrinas escatológicas oriundas do seu ensinamento, contido na primeira carta. A comunidade, portanto, questionava: "Se a vinda gloriosa de Cristo irá encerrar a História para inaugurar a cidade definitiva do além, que motivos teremos para continuarmos construindo a cidade terrestre?" Com a finalidade de refutar o entendimento errático e danoso, é que o autor da Segunda Carta aos Tessalonicenses, que não deve ser Paulo, tem a nítida preocupação de exortar a comunidade a reassumir suas obrigações seculares.

Para tanto, tenta desprestigiar aqueles que pretendem contabilizar em proveito próprio os ensinamentos de Paulo (2Ts 2,1-3). E assim o faz tentando corrigir as perspectivas escatológicas da Primeira Carta aos Tessalonicenses, na qual ficou claro o fato de que a vinda do Senhor estava prestes a se concretizar. Antes da vinda do Senhor, explica, acontecerão muitas coisas misteriosas. Por esta razão, não há motivos para que cruzem os braços e deixem de lado os seus problemas cotidianos, seja de ordem material ou espiritual.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De tudo quanto acima exposto, pode-se depreender que a mensagem paulina, contida nas duas cartas aos tessalonicenses é muito atual, devendo ser observada por todos nós, cristãos hodiernos, pelo simples fato de não sabermos o dia nem a hora em que Jesus voltará, com o intuito de estabelecer o julgamento final. Urge, portanto, que tenhamos vida reta, na plena observância do que determina a Palavra, a fim de que possamos alcançar a vida em abundância, prometida por Jesus Cristo.

4 BIBLIOGRAFIA

BROWN, Raymond E. e outros. Novo comentário bíblico São Jerônimo: Novo Testamento e artigos sistemáticos. São Paulo: Paulus, 2015.

OTHENET, Edouard. Paulo: apóstolo e escritor. 3 ed. São Paulo: Paulus, 2004.
DUNN, James D. G. A teologia do apóstolo Paulo. São Paulo: Paulinas, 2003.
SCHNELLE, Udo. Paulo: vida e pensamento. São Paulo: Paulus, 2010.

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